23 agosto 2007

O Ex-Quadrinista



Após longo inverno sem dar as caras por aqui (que blog é esse que ninguém posta nada?) eis que voltamos cheios de vigor, fome e vitalidade (será?), tal qual um urso que sai para fora da caverna depois de hibernar.

Estou trabalhando em uma exposição (espero que não seja segredo, Afonso e Roberto...) para o próximo FIQ, que se realiza em outubro, aqui na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte. A exposição tem um tema muuuito abrangente: o quadrinho mineiro underground dos anos 70. Você já ouviu falar nele? Talvez não, mas pelo menos um autor tem muita credencial, senão nos quadrinhos, nas artes plásticas com certeza.

Marcos Coelho Benjamim é respeitado, conceituado, premiado, como pintor, gravurista, escultor, autor de formas e conceitos improváveis. Como quadrinista, porém, ele é o "autor que não foi". Promissor, precoce e vencedor do Salão de Piracicaba na época que este ainda engatinhava, no início dos 70, Benjamim era fã de Krazy Kat, Crumb e Batman, e eram estas as suas influências. Mas rapidamente se desvinculou delas, e começou a decolar sozinho, com um quadrinho que, segundo ele próprio, não era político, como muitos de seu tempo, mas simplesmente aéreo, contemplativo, indefinido. Flower power, enfim. E assim foi, publicando ora no Pasquim, ora nas revistas mineiras Uai!! e Meia-Sola, sempre ganhando admiradores cada vez mais atônitos com a envergadura de seu trabalho. E quando todos se preparavam para ver o surgimento do melhor quadrinista da história, eis que Benjamim abandona os quadrinhos! e se torna, como escrito acima, um grande artista plástico.

E aí vem a pergunta (que ele mesmo se faz de vez em quando, eu sei): "O que aconteceria se...?

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