01 setembro 2007

O direito de errar


'Os jovens têm o dever de errar'
Corto Maltese: MU

'Se eu erro entendo que sou, pois aquele que não é não pode errar e, pelo fato que erro, sinto que sou.'
Santo Agostinho.

Entre as considerações sobre o papel do educador na sala de aula elaborei, sempre para o Projeto Para Jovens, a seguinte reflexão:
As palavras que a criança mais ouve são 'não', 'não pode', 'isto não se faz'. Se deixamos uma crianças brincar com nossos livros, após ter rasgado algumas capas até um neném de poucos meses pode se tornar perito no manuseio de uma publicação. Porque não convidarmos, então, as crianças para ajudar na cozinha ou lavar roupa? Mesmo que isso seja mais empenhativo para a gente (evidentemente precisamos monitorar algumas experiências), um prato sujo não se compara a um exercício que pode ser significativo na vida. Para um desenvolvimento saudável do indivíduo precisamos expandir os limites e não impor restrições.

Mesmo assim, na escola, no trabalho e na vida quem erra é penalizado. Numa oficina de arte, porém, o erro pode ser instrumento precioso de aprendizagem. O erro não pode ser ensinado, é uma descoberta individual que implica experiência e desenvolvimento da criatividade na busca de soluções pessoais. O acidente, o imprevisto, o inesperado, exerceram um papel fundamental na história do homem. Estes elementos são o ponto de partida de todas as histórias. O educador deve considerar esta variável como uma alternativa à imposição de um conhecimento presumido, uma possibilidade para experiências que podem resultar numa formação do jovem e do próprio professor.

Errar nos devolve à nossa condição humana e nos livra da perfeição (a tal 'defendida pelo goleiro'), atributo cada vez mais promovido pela industria de consumo através de filtros e maquiagens. Por isso deveríamos ensinar apenas aquilo que verificamos com a nossa experiência pessoal, sabendo que algumas soluções costumam ser válidas apenas numa ocasião.

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